quinta-feira, 21 de maio de 2009
O primeirão dos Stone Roses faz 20 anos
Até hoje, 20 anos após seu lançamento, o debut dos Stone Roses continua tendo o mesmo frescor e encantamento que provocou na época. Não por acaso é apontado como o melhor disco de estréia das últimas décadas e chegou a ser eleito o principal álbum de rock britânico de todos os tempos, em 2006, pelo New Music Express.
Fácil entender por que. A banda soube mesclar, com muita propriedade, a sonoridade oitentista dos Smiths e Echo & The Bunnymen, com a psicodelia sixties dos Byrds, o groove de Sly & Family Stone, injetando o peso das guitar bands, somado à cultura rave que começavam a surgir em Manchester, na onda do ecstasy.
O fato é que a química entre seus integrantes funcionou tão bem nesse disco, que cada coisa parecia estar no seu devido lugar, cada linha de baixo de Mani, cada riff de guitarra de John Squire, cada sussurro de Ian Brown e cada virada de bateria de Reni, tudo ali parece irretocável. Eles realmente sabiam o que estavam fazendo.
Se bem que a guitarra de Squire parecia envolver todo o grupo, como se ele fosse um maestro regendo sua orquestra. É notável que ele tenha conseguido se sobressair diante de músicos tão competentes.
Destacou-se até mesmo pela arte da capa, que é de sua autoria, reverenciando o estilo de Jackson Pollock.
Produzido por Peter Hook (baixista do New Order), o álbum abre magistralmente com “I wanna be adored”,uma viagem hipnótica com o vocal preguiçoso e insolente de Brown, cantando que quer ser adorado, mas sem precisar vender sua alma.
“She bangs the drums” vem logo em seguida, com uma pegada firme, um rock para pistas de dança e um refrão marcante, o protótipo do Brit Pop do qual o Oasis bebeu na fonte.
A sutileza lírica de “Waterfall” é de uma beleza única; “Bye Bye Badman” escancara a faceta mais Byrds dos Roses; “Made of Stone” é considerado o pop perfeito e ainda consegue emocionar.
“I am the ressurection”, um épico com mais de 8 minutos, que começa bem popzinha, como se fosse uma canção inofensiva dos anos 60, mas que da metade para frente se transforma em uma poderosa Jam session de estúdio, onde cada músico despeja todo seu virtuosismo, demonstrando o alto poder de fogo da banda.
A edição americana ainda incluía os singles “Elephant Stone” e “Fools gold”, que ajudou a retratar bem essa grande fase da banda.
O único defeito desse disco é ter criado uma expectativa imensa para o seu sucessor, que tardou 5 anos para ser lançado, em meio a disputas judiciais entre gravadoras. E quando o “Second coming” saiu, acabou decepcionando os fãs, pois a banda jamais conseguiria atingir a perfeição que alcançou em seu disco de estréia.
Mesmo assim, os Stones Roses deixaram um importante legado para o rock britânico. Moldou toda uma cena que viria se firmar na década de 90, com o epicentro em Manchester, onde foram protagonistas do movimento que ficou conhecido por Madchester que mais tarde expandiria seus territórios, influenciando diversas bandas do Reino Unido, culminando no surgimento do Britpop.
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