Enquanto a família Restart ainda comemora seus vários prêmios recebidos no VMB 2010, existem grupos fazendo boa música por aí, sem receber a atenção que merecem e que dificilmente serão indicados em alguma categoria do evento promovido pela MTV.
O grupo paulistano Lestics lançou Aos abutres, seu quarto álbum em quatro anos de existência.Para quem não conhece a banda, vale um breve retrospecto. Olavo Rocha (voz) e Umberto Serpieri (guitarra/teclados) são ex-integrantes da banda Gianoukas Papoulas. Quando os Gianoukas ainda estavam na ativa, eles começaram este projeto em paralelo, o qual tinha uma proposta mais sutil e uma instrumentação mais acústica, com o Umberto tocando todos os instrumentos. Quando a banda titular encerrou suas atividades, eles seguiram com o Lestics, gravaram 3 ótimos discos caseiros (9 sonhos, Lestics e Hoje), recrutaram os músicos Lirinha (violão e guitarra) Marcelo Patu (baixo e violão) e o mais novo integrante, Xuxa (bateria).
Quem conhece seus discos anteriores sabe bem o que vai encontrar neste trabalho mais recente. São 11 faixas, nas quais eles esbanjam um talento raro de compor canções semi-acústicas, com belas melodias e letras muito acima da média.
O Lestics revela uma faceta musical que pode ser comparada aos momentos de calmaria em meio à vida agitada das grandes metrópoles. Aquele momento em que sentimos uma necessidade de desacelerar, ler um livro, caminhar no parque ou simplesmente refletir sobre a vida.
É para ser apreciado calmamente, sem pressa, atento aos detalhes de cada música, onde a simplicidade convive lado a lado com a sofisticação dos arranjos, que passeiam entre o folk, o country e o lado roqueiro da banda, que é mais evidenciado neste disco, enquanto a voz de Olavo deixa tudo muito mais aprazível.
Travessia, a faixa de abertura, deixa um belo cartão de visitas. Uma canção de uma sensibilidade enorme, com um refrão memorável. No vídeo, é feita uma curiosa montagem sobre uma edição de Moby Dick, destacando palavra por palavra da música.
Travessia, a faixa de abertura, deixa um belo cartão de visitas. Uma canção de uma sensibilidade enorme, com um refrão memorável. No vídeo, é feita uma curiosa montagem sobre uma edição de Moby Dick, destacando palavra por palavra da música.
Os versos bem escritos supreendem a cada instante. Que tal este: “O dia nasceu de parto nornal/ e não importa a cara que ele vai ter/ a gente vai gostar dele igual” (Parto normal); ou então a ironia sutil na letra de Dorme que passa: “Ser catapultado dói/ /cair do penhasco dói/ tocar violino não dói/ mas também não tem graça”.
Dois de paus é sobre um sujeito que, como diz a letra, “Entrou na vida tropeçando no cordão umbilical” e se conforma com seu inferno astral “Porque a sorte é traiçoeira / Mas o azar - este é leal”.
Vale destacar a faixa título pelo tom dramático e épico que consegue transmitir. Já Eternidades ocasionais chega a comover de tão bela, apesar de soar um pouco melancólica.
Enfim, um trabalho maduro, repleto de boas canções e que se sobressai no atual cenário musical. Se a mídia não fosse tão míope, talvez o Lestics tivesse um reconhecimento à altura de sua genialidade.
Mas é como eles dizem na música Dom desnecessário, "Em terra de cego quem tem um olho é solitário".
Baixe este e os outros álbuns deles clicando aqui
Mas é como eles dizem na música Dom desnecessário, "Em terra de cego quem tem um olho é solitário".
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