
Uma sapatada na cara!
Foi assim que meu amigo Tio Sam, fanático por Led Zeppelin, definiu o álbum de estréia do Them Crooked Vultures, o super grupo mais comentado da atualidade. Afinal, trata-se do trio formado por John Paul Jones, Dave Grohl e Josh Homme.
Não é segredo que o disco vazou na net há alguns dias e a essas alturas, muita gente já ouviu. Também não é segredo que a banda já tenha disponibilizado todas as faixas no Youtube, para audição.
Então vamos direto ao que interessa: Esse deve ser considerado o grande lançamento do ano, sem exagero. Mesmo que a crítica americana e inglesa insista em ignorá-lo e ter recebido o lançamento com uma certa indiferença, preferindo badalar bandinhas novatas que não devem sobreviver ao segundo disco.
São 13 petardos sonoros, que brindam o ouvinte com um Hard Rock vigoroso, bem trabalhado, mas direto, sem firulas virtuosísticas, tocado por três representantes das melhores bandas de suas gerações, que sabem bem o que estão fazendo e o fazem muito bem.
“Nobody Loves me, Neither do I” (ouça no player abaixo) abre o disco magistralmente, com o Them Crooked Vultures mostrando a que veio: Um blues rock sincopado, que da metade para frente, ganha contornos Zeppelianos, dando a impressão que a qualquer momento um Robert Plant vai entrar, com seus característicos vocais rasgados.
Mas nada disso. Josh Homme se garante nos vocais e extrai riffs energéticos e marcantes de sua guitarra. Dave Grohl e John Paul Jones formam uma cozinha bastante coesa, além de ornamentarem as músicas com ótimos backing vocals.
Mas o lado Queens of the Stone Age de Josh Homme se sobressai sobre as ex-bandas de seus companheiros na maioria das músicas, embora em vários momentos surjam lampejos de melodias que evocam o velho Zeppelin ou o Foo Fighters, formando uma massa sonora híbrida e eletrizante.
A faixa escolhida como primeiro single foi “New Fang”, que não decepciona, com sua quebradeira instrumental e uma melodia acessível para tocar nas rádios. Todas as outras faixas são mais densas, não há nenhuma outra que possa ser considerada comercial.
Ainda há espaço para a psicodelia, que aparece sutilmente em algumas faixas, como em “Elephants”, “Reptiles” e na melhor de todas: “Scumbag blues”, com fortes emanações do Cream, com o diferencial de soar mais atual, mas mantendo a mesma consistência e musicalidade.
Para quem procura algo inovador ou que vá revolucionar o rock, certamente não irá encontrar nesse disco. É apenas o velho rock’n’roll visceral, em sua mais pura essência, sem soar modernoso e desprovido de apelos intelectualóides, redefinindo o conceito de Power Trio, que foi tão deturpado de umas décadas para cá.
E pensar que tem uma penca de publicações que já divulgaram suas listas dos melhores álbuns do ano e da década antes deste lançamento... Com certeza vão ter de refazê-las, colocando o Them Crooked Vultures lá no topo.