A banda acreana radicada em São Paulo Los Porongas está de volta, quatro anos após o lançamento de um álbum de estréia praticamente irretocável. O Segundo depois do silêncio é o título do sucessor, que compensa todo o tempo que a banda passou apurando o repertório até finalizar esta obra.
Aqui, podemos notar uma mudança de direção, tanto na musicalidade, com a inserção de instrumentos de sopro, teclados, viola caipira em algumas faixas, quanto na temática das letras, além de trazer muitas participações especiais de músicos convidados.
Vale fazer uma ressalva quanto às primeiras audições, que podem decepcionar quem criou uma expectativa muito grande devido ao impacto causado pelo primeiro disco. Aqui é necessário um tempo maior para assimilar cada canção, nada é instantâneo, mas depois de superada esta etapa vem a recompensa.
Um grande álbum deve começar com uma faixa que cative o ouvinte, e não é por acaso que Fortaleza (ouça no player abaixo) foi a escolhida para abrir o trabalho. Começa com um clima inebriante, e aos poucos vai ganhando forma, em meio à baterial tribal de Jorge Anzol, a guitarra vigorosa de João Eduardo e o baixo sempre marcante de Márcio Magrão, enquanto Diogo Soares se encarrega de encaixar seu vocal potente na melodia, cantando versos bem construídos, que expressam incertezas, inconformismo e uma boa dose de poesia. Uma das mais belas canções do disco.
Em Bem longe a banda experimenta uma pegada mais funkeada, caprichando nos grooves que nos remetem ao Red Hot Chilli Peppers, mas da metade para frente há uma mudança de andamento, e a música ganha uma nova textura, desviando-se completamente da dinâmica inicial.
Dois Lados reafirma a vocação da banda em criar canções intensas, repletas de sensibilidade. A viola caipira aparece em harmonia com o trompete e o trombone, e uma letra otimista, sobre superação diante das adversidades.
A faixa Sangue novo foi a primeira a ser lançada em single, com a produção do eterno guitarrista da Legião-Urbana Dado Villa-Lobos, é certamente uma das faixas mais contagiantes, com um belo trabalho de guitarras, e uma jam session espertíssima no final.
Merece destaque também a ótima Mais difícil, que tem participação de Hélio Flanders (Vanguart), num momento mais delicado, envolto num clima dramático, com uma letra de teor melancólico. Bela e comovente na mesma proporção.
Em seguida, parece que a banda perde um pouco o fôlego, o que parece natural diante de uma sucessão de ótimas músicas, mas nada que comprometa o resultado final. Mas ainda há momentos brilhantes, como em A verdade e Longo Passeio, esta útlima com a participação de Maurício Pereira (Mulheres Negras) e do coro Mais Massa, que engrossa o caldo no refrão, aquele do tipo "vamos todos cantar juntos".
No final, a impressão que se tem é que mesmo com todas essas mudanças, causadas principalmente pelas novas experiências vividas por eles desde quando decidiram trocar Rio Branco por São Paulo, ainda assim a banda continua sendo a mesma em sua essência. Um time formado por músicos experientes, que se destaca em meio ao atual cenário. Um grupo diferenciado, pronto para ser descoberto pelo grande público, com um disco que merece desde já figurar entre os melhores de 2011. E o melhor de tudo é que você pode baixá-lo gratuitamente aqui.
excelente blog!
ResponderExcluirtô recomendando no meu!
um bj