domingo, 21 de novembro de 2010

Planeta Terra 2010 - Uma noite memorável

Confissões de um fã que comemorou aniversário no Festival Planeta Terra e se acabou nos brinquedos do Playcenter.

Tem coisas que somente o acaso é capaz de nos proporcionar...Jamais me passou pela cabeça que eu seria presenteado no dia do meu aniversário com um festival onde eu teria o prazer de finalmente assistir um show do Pavement, uma das minhas bandas preferidas. E ainda assistiria ao show do Smashing Pumpkins no final, que já tive a oportunidade de ver uma vez, quando lançaram seu conceitual "Mellon Collie and the infinite sadness". E para tornar a balada ainda mais divertida, o local escolhido para o evento foi o parque de diversões Playcenter.


A tarde de calor e sol prometia...Logo ao chegar ao parque, nenhuma dificuldade para estacionar o carro e muito menos para entrar. Nada de filas longas e nem demora na revista. Começamos bem!
Acabava o show dos Novos Paulistas, uma das atrações nacionais que eu queria ver, mas beleza, ainda tem muita coisa boa pela frente.
Hora de se municiar de fichas para ficar abastecido. Fila pequena e pouca espera na hora da compra. Tava tudo muito perfeito para ser verdade. Primeira decepção: A breja era Devassa. Pagar R$ 5,00 numa cerveja deste naipe dói um bocado. Dói mais ainda saber que vai ser a única bebida alcoolica a ser consumida nesta longa noite.
O primeiro show que consegui assistir foi do Of Montreal, ainda na luz do dia, em pleno horário de verão, os caras fizeram uma performance teatral maluca no palco, cheios de figurantes fantasiados,  enquanto o ritmo dançante contagiava o público que já começava a se aglomerar em frente ao palco.
Logo me enchi daquilo e decidi aproveitar um pouco dos brinquedos, afinal de contas fazia um bom tempo que não visitava o Playcenter. E para começar, já fui logo em busca de fortes emoções, entrando na fila do Turbo Drop. Enquanto a fila se aproximava e eu observava aquelas pessoas indo às alturas para depois descerem numa quedra livre, em altíssima velocidade, mais eu era consumido por um medo e pensei em alguns momentos em abandonar a fila. É lógico que depois teria de aguentar as gozações da minha mulher e dos amigos, então preferi encarar o perigo de frente.
Assim que estava devidamente sentado, com a trava abaixada e a coisa começou a subir, eu via tudo ficando pequeno lá embaixo e eu podia ter uma vista aérea da cidade de São Paulo, foi que eu pensei: FUDEU!
Quando o treco despencou lá de cima, não deu para fazer nada. Quis gritar para liberar a adrenalina, mas a força com que fui arremessado em direção ao chão foi tão grande que o grito não saiu. Tudo tão rápido e tão intenso, a brincadeira tinha acabado. E eu me sentia aliviado e pronto para encarar qualquer outro desafio. O pior já tinha passado.
Daí em diante foi moleza. Barco Viking, Evolution, Boomerang, Double Shock, tudo parecia brinquedo de criança depois de ter encarado o Turbo Drop. E o mais surpreendente é que quase não havia filas.
Hora de voltar aos shows. Voltamos ao main stage na metade da apresentação da banda francesa Phoenix, sem dúvida uma das boas surpresas da noite. Banda com uma apresentação energética ao vivo e que teve uma ótima receptividade por parte do público, em um dos shows com o maior número de espectadores do festival.
O ponto alto do show foi no encerramento da apresentação, quando o vocalista Thomas Mars deu um mosh e foi conduzido pelo público até uma plataforma, onde subiu e agradeceu, para depois se lançar novamente sobre o público e voltar ao palco, visivelmente exausto e emocionado. O Phoenix saiu do palco ovacionado pela multidão.
A galera que estava em peso vendo o Phoenix tinha liberado a área e foi ótimo, pois pudemos nos posicionar num lugar bem perto do palco. Agora restava apenas esperar mais alguns minutos para finalmente ver a atração que eu estava mais fissurado para conferir: O Pavement.
Fiquei feliz por não haver uma Área Vip na minha frente. Ponto para o Planeta Terra que não optou por esta prática ridícula. Apoio totalmente a campanha lançada pelo jornalista Lúcio Ribeiro pela extinção da famigerada pista vip em shows.
Agora tava tudo pronto. Os caras do Pavement estavam posicionados no palco. Momento de grande emoção. Com qual música eles abririam o show? Começaram os primeiros acordes de Gold Soundz. Coisa linda, o show prometia. Várias canções do Slanted and enchanted e do Crooked Rain, Crooked rain dividiam o set list com de outros álbuns.
Quase todas as que eu queria ouvir foram maravilhosamente executadas pela banda: Perfum V, In the mouth of a desert, Stereo, Cut you hair, Unfair, Shady Lane, Two States, todas me fizeram pular e bater cabeça, incansavelmente. A adrenalina que eu estava liberando era maior do que quando despenquei do Turbo Drop.

Alguns momentos mais relaxantes do show foram que me fizeram entrar em transe por alguns instantes, como nas músicas Stop breathing e Here, ambas tocadas de maneira maravilhosamente hipnóticas.
Apesar da apatia de Stephen Malkmus, a banda esbanjou simpatia e mostrou que a força de suas canções continua intacta.
De alma lavada, agora era hora de repor as energias. Chegando na praça de alimentação, encaramos uma fila grande e demorada, que nos fez perder as primeiras músicas do Smashing Pumpkins, ou na realidade o que sobrou do velho Smashing, apenas o Billy Corgan, acompanhado por uma banda de apoio competente, mas que não tem o mesmo brilho daquele grupo que tinha James Iha, D'Arcy e Jimmy Chamberlin.
E eles vieram para mostrar suas músicas novas. Algumas até boas, com uma pegada mais Metal, outras meio cansativas. O batera, que aparentava ter uns 15 anos de idade, com uma faixa na cabeça lembrando Daniel Sam (Karatê Kid) queria mostrar que é um puta baterista e mandou lá pela metade do show um solo de alguns minutos, totalmente desnecessário.
Bons momentos surgiram quando Corgan tocou algumas antigas, como Today, Cherub Rock, Drown, Bullet with butterfly wings, Tonight Tonight, mas não foi suficiente para levantar o ânimo da maioria presente, que aparentavam estar num festival de bocejos generalizado.

E os caras continuaram lá tocando suas músicas novas. Perdi a paciência no show do Smashing, foi a maior decepção da noite pra mim. Já vencido pelo cansaço, abandonei o show antes do final e fui procurar um canto para sentar e dar uma descansada antes de ir embora.
Fim do evento, cansaço e alegria se misturavam, as pernas e os pés em frangalhos, o pescoço doendo de tanto agitar no show do Pavement me fizeram lembrar que eu completei 40 anos...Se é verdade que a vida começa aos 40, então a minha começou de maneira emocionante.

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