terça-feira, 13 de julho de 2010

Uma breve história do rock no ABCD


Hoje, 13 de julho é dia do Rock. E aproveitando esta data, decidi postar aqui um artigo que escrevi para o Jornal ABCD Maior, que foi publicado hoje, contando uma breve história da cena roqueira no ABC paulista.

Desde meados dos anos 1980, o vasto perímetro metropolitano conhecido por ABCD tem se revelado terreno fértil para a proliferação de grupos de rock e suas vertentes. O País entrava na era da abertura política, após décadas de ditadura militar e censura. Neste cenário, houve uma efervescência de bandas no rock nacional, e não foi diferente na Região.

O movimento Punk surgia com força e a banda Garotos Podres, de Mauá, foi uma das mais representativas do gênero no Brasil, com suas letras irreverentes e contestadoras.


Em São Caetano, o Baldão Bar era um reduto de frequentadores de várias tribos do underground. Punks, skinheads, headbangers, rockabillys e psychobillys se reuniam e conviviam pacificamente e, na base da camaradagem, trocavam ideias e fomentavam a cena. Entre os frequentadores mais assíduos, estavam os integrantes dos Kães Vadius, pioneiros do psychobilly no Brasil; Os Devotos de Nossa Senhora Aparecida (do futuro VJ da MTV Luiz Thunderbird); os já citados Garotos Podres e outros nomes que não tiveram a mesma repercussão, mas que ajudaram a criar uma identidade local: K’Billys, Mentecaptos Eróticos, Sufrágio, Pátria Armada, AI5, DZK, entre outros.


Naquela época, existiam poucos lugares em que os grupos podiam se apresentar. O circuito estava limitado a algumas casas noturnas do underground e festivais.

A divulgação era restrita aos fanzines e no boca a boca. Raros programas de televisão se aventuravam a mostrar as bandas, como o Boca Livre, da TV Cultura, apresentado por Kid Vinil.

Paralelamente, DJ’s de casas noturnas alternativas formavam um outro tipo de público no ABCD. Em São Caetano, o Amarelo 20 e a Zoster difundiam a música eletrônica e grupos mais obscuros do rock europeu, reunindo jovens com visual punk e dark (mais tarde chamados de góticos). Em Santo André, o Aeroporto (futuro Front 572) aparecia com proposta semelhante e atraía um público interessado nas novidades do rock alternativo.

A rádio 97 FM fincou a bandeira da juventude roqueira em Santo André, com uma programação alternativa com grupos de rock internacionais ou nacionais, até encerrar atividades, ironicamente, em 1997.

A vida cultural na Região se intensificava com eventos organizados pela produtora Rockstrote no Clube Aramaçan, em Santo André, onde se apresentaram Ira!, Lobão, Barão Vermelho, Titãs, Golpe de Estado, bem como bandas internacionais de peso, como Ramones e Faith no More.


Na segunda metade dos anos 1990, a cena deu uma esfriada e o ABCD se tornou a coverlândia. Grupos com trabalho autoral não conseguiram se estabelecer. Bandas conceituadas do hardcore, como Ação Direta e Nitrominds, que faziam turnê no exterior, não tinham lugar para se apresentar em suas próprias cidades.


Em meados dos anos 2000, houve uma nova retomada, com novos grupos de repertório de qualidade e maior diversidade musical. Eram bandas como Os Maccacos, Poucas Trancas, Bufalo, Otis Trio, Projeto Nave, Assoma e outros, que conquistam uma nova geração e escrevem um novo capítulo na história do rock do ABCD.

Um comentário:

  1. Simplesmente Demais Tadeu!!
    Vc conseguiu remexer todo o baú de nossas vidas com este texto.
    Parabens.. pela nostalgia que trouxe a tona..e nos faz entender o porque de comemorar ou de simplesmente ficar animados e felizes(meu caso) no dia 13 de julho de todos os anos! Temos história!! Valeu
    Alej

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