A esta altura do campeonato, acho que já podemos fechar o
balanço de 2012, tendo a certeza de que muita coisa boa vai ficar de fora, mas
prometemos uma repescagem para nos redimir dos injustiçados que não entrarem nessa
lista. De qualquer forma, podemos afirmar que foi um ano repleto de bons
lançamentos, principalmente na categoria Melhores Álbuns Nacionais. Então vamos
aos selecionados, sem ordem de preferência:
Rafael Castro e os
Monumentais – Lembra?
Um artista prolífico, que tem uma vasta discografia lançada
virtualmente, chega ao seu primeiro registro em formato físico, deixando uma
ótima impressão para quem ainda não conhecia o seu trabalho. Destilando altas
doses de humor negro e deboche, ele não se faz de rogado ao compor sobre temas espinhosos,
não poupando nem mesmo surdos-mudos, garotas com câncer e a miséria de pessoas
que vivem de lixo.
Black Drawing Chalks – No dust stuck on you
O quarteto goiano lançou seu 3º disco, com muito gás para
queimar e competência de sobra para criar músicas com um padrão de qualidade
internacional, pronto para arrebanhar novos fãs além de nossas fronteiras. Hard
Rock, Stoner, Garage Rock e até baladas roqueiras compõem este trabalho
primoroso dos caras. É só acionar o play
e sair batendo cabeça ou então praticar Air Guitar descontroladamente.
Nhocuné Soul – Banzo
Apesar de fazer um samba-rock de alto teor sacolejante, esta
veterana banda da periferia paulistana tem um importante diferencial que a
destaca dentre as demais bandas do gênero: Letras muito bem construídas sobre o cotidiano nas periferias e um discurso bem engajado em causas sociais,
tudo de maneira bem poética, sem cair no lugar comum. Música dançante com bastante
conteúdo e atitude.
Trupe Chá de Boldo –
Nave manha
O sucessor de Bárbaro mostra uma banda amadurecida, sem medo
de experimentar diferentes ritmos, que vão do regionalismo ao neo-tropicalismo,
passando pelo samba, soul e até pela baianidade que remete a Tom Zé, Caetano e
Novos Baianos. Diversidade pouca é bobagem...As letras exploram as situações cotidianas com bom humor e brincam com frases de duplo sentido. As apresentações
ao vivo ganham ainda mais força, com a performance teatral deste coletivo que
tem nada menos do que 13 integrantes.
Tulipa Ruiz – Tudo
tanto
Quando Tulipa Ruiz gravou seu álbum de estreia, foi
celebrada como a mais nova promessa da Música Popular Brasileira. Nesse segundo
registro, a cantora deixa de ser promessa para se firmar como um dos maiores
nomes da atualidade, colocando sua voz impressionante a serviço de uma música
com forte potencial pop, mas sem descuidar da qualidade instrumental, tendo uma
excelente banda que serve de base para ela deixar fluir todo seu talento.
BNegão e os
Seletores de Frequência – Sintoniza lá
Com esse álbum, BNegão e os Seletores de Frequência mostram
que chegaram para somar no groove, dando continuidade à diversidade sonora
apresentada em Enxugando o gelo. E o groove aqui é reforçado por uma rica
mistura rítmica, passeando descontraidamente por diversos estilos, como o Soul, Funk,
Reggae, Dub, Afrobeat e outros beats. As letras de BNegão mostram uma
preocupação com as tensões do Mundo atual, mas também prega a diversão como
antídoto.
Brothers of Brazil – On my way
Esse foi sem sombra de dúvida o disco mais surpreendente do
ano. Por mais que as pessoas torçam o nariz para o Supla, temos de dar o braço
a torcer, pois desta vez ele acertou a mão e encontrou em seu irmão João
Suplicy o parceiro perfeito para compor canções incríveis, com belos arranjos e
algumas com grande apelo radiofônico. Pena que poucas rádios se interessam
em tocar material de boa qualidade. Essa mistura de Rock’n’roll com bossa nova
dos irmão Suplicy é bem bacana, e a faixa título é uma das melhores músicas do
ano.
Cascadura – Aleluia
Patrimônio do rock baiano, o Cascadura chega ao seu 5º
álbum, que além de ser duplo, ainda traz a participação de vários nomes
importantes da atual cena nacional, como Móveis Coloniais de Acaju, Siba,
Pitty, Beto Bruno (Cachorro Grande), e muitos outros. E Fábio Cascadura mais
uma vez se consolida como um dos maiores compositores do rock atual, além de
impressionar com sua interpretação, que em vários momentos parece reverenciar o
mestre Stevie Wonder.
Curumim – Arrocha
Um trabalho intenso, com curta duração, mas que vai direto
ao ponto. Assim deve ser a música em tempos de MP3, pois se o artista vier com
muita enrolação, o ouvinte já pula para a próxima faixa. E Curumim soube fazer
um álbum bastante pragmático, explorando mais as batidas e outros elementos da
música eletrônica, mas sem se distanciar da MPB que sempre permeou sua obra.
Mais um ótimo álbum que merece ser aclamado como um dos melhores de 2012.
Céu – Caravana sereia
Bloom
Em contraposição ao seu disco anterior, Vagarosa, Céu
acelera e cai na estrada com Caravana Sereia Bloom, um “Road Album”, que
combina perfeitamente com as mais diversas paisagens que surgem no caminho.
Desde o Pop animado que abre o disco, a incursões no Reggae, Trip Hop e até no
Brega, ela acerta mais uma vez, mostrando-se uma cantora versátil e uma
compositora de mão cheia, que fez um dos discos mais instigantes não apenas
desse ano, mas dos últimos tempos.
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