A banda Alagoana Messias Elétrico lançou no final do ano passado seu debut, pela Baratos Afins, a pioneira dos independentes no Brasil, com produção fonográfica de Luiz Calanca, proprietário do selo e da famosa loja de discos localizada na Galeria do Rock, no centro de São Paulo.
Mantendo o padrão de qualidade que sempre permeou os lançamentos da Baratos Afins, este registro traz de volta aquela sonoridade tipicamente setentista, apresentando um interessante cruzamento de Hard Rock com Progressivo.
O quarteto formado por Fernando Coelho (bateria), Pedro Ivo Araújo (Guitarra e voz), Alessandro Mendonça (baixo), e Leonardo Luiz (Teclado e vocal), - os dois últimos são ex-integrantes do Mopho - demonstra uma musicalidade apurada, e deixa transparecer nas 5 faixas de seu álbum de estreia, a influência de bandas nacionais como O Som Nosso de Cada Dia, O Terço, Casa das Máquinas, Mutantes (em sua fase progressiva) assim como das gringas Black Sabbath (seria coincidência a capa lembrar bastante Born again?) , Deep Purple, UFO, Rush, Focus, Yes, entre outros.
Mas não vá pensando que tudo aqui seja datado e saudosista, ou uma mera tentativa de reproduzir algo que soe como na década de 70...Apesar das bandas citadas acima serem influências declaradas deles, como fica perceptível no decorrer do álbum, a banda consegue imprimir sua marca pessoal em cada música, além de revitalizar este estilo que se encontra tão desgastado há décadas.
O grande mérito do Messias Elétrico é não se prender às velhas fórmulas, ter liberdade de expandir seus horizontes musicais para além das convenções do Progressivo ou Hard Rock tradicional, ao acrescentar grooves que remetem à soul music e emanações psicodélicas em sua receita. Isso fica claro nos 12 minutos "The last groove", um tema dividido em 4 partes, totalmente distintas entre si, que desde já, pode ser considerada uma obra prima do Prog Rock tupiniquim.
Parabéns à Baratos Afins por mais um lançamento de qualidade.
02 - Messias Elétrico - Messias Elétrico by Tadeu Alcaide